25 de abr. de 2008

nha poesia

nha poesia tem gosto e chêro di ogogoró,
é malanda e corre a mata com ua perna só.
nun é a primêra e, qêra deus, nem a derradêra
poesia qi exprime a Pindorama verdadêra,
maz ela vei dah cangapé e pertubah nas oiça
di nêgo bem vestido qi nunca pegô na foiça
maz qi, em nome do povo, vem pa nos mundernizah,
fazeno, pra tanto, não mais qi nos mundelizah.
nha poesia nun tem vergonha di se assumih
do mato, da favela - pôca rôpa a le cobrih.
nun sabe o latim nem os latido do portuguêis,
esqece o grego e nun precisa desse tal inglêis,
pois ela sabe qi já foi rainha di Cabinda
e qi, mermo tão rebaxada, continua linda!

Um comentário:

Groucho KCarão disse...

"nha" é pronome possessivo singulah do criolo caboverdiano, servino tanto pra nome masculino quanto feminino. "ogogoró" é um termo iorubá pra "bebida", qi entre nóis é mais cõicido por "goró". "Pindorama" é um termo indígena qi já foi usado pra denominah nosso país. "cangapé" é um tipo di golpe desferido na perna do adiversário. "mundelizah" seria o mermo qi "embranqeceh" (veh postage abaxo). "rainha di Cabinda" - vide o livro "made in afrika" di câmara cascudo.